PASTOR SAUERBRONN - SUA PARTICIPAÇÃO NA IMIGRAÇÃO ALEMÃ ...

A viagem e alguns transtornos:

onforme vários registros no Departamento de Cultura – CDH – Pró-Memória (Nova Friburgo), Sauerbronn, com a experiência da viagem, relata fatos importantes que ocorreram no seu percursso, as tempestades, quebra de mastro, retorno para reparos no navio causando a demora da viagem; o incidente com o navio pirata causando grande susto nos colonos.

Mas com a bênção de Deus, em vez de saque, receberam dos piratas presentes, frutas, maçãs, uvas, vinho, aguardente. O mesmo navio pirata havia capturado um navio mercante no dia anterior, em frente aos muros de Santa Cruz (Tenerife). Depois vem a descrição do nascimento do filho. A alegria do acontecimento e a distribuição de 36 garrafas de vinho com os amigos. Em seguida a tristeza com o falecimento da esposa.

chegada ao porto do Rio de Janeiro, ficando os colonos numa vasta área pertencente ao Imperador, chamada Armação. Várias vezes receberam a visita do Imperador e da Imperatriz que foram muito condescendentes e conversavam com cada criança. A chegada a Nova Friburgio: sem dúvida alguma a Providência Divina colocou, entre os colonos alemães, um Pastor que contribuiu para a preservação da fé e do vínculo a igreja de muitos evangélicos. Entre os suíços isto parece não ter ocorrido.

Na época não existia os cartórios, a igreja fazia esta função (fato que também acontecia na Alemanha), nela se realizava registro de nascimentos, óbito e casamento.

Encargos e Missão:

Pastor Sauerbronn sofria pressões e difamações no exercício do seu ofício. Em verdade ele foi muito importante no contexto da imigração dos alemães, representava serenidade em todas as horas, mesmo em situações dificeis para todos e na sua vida pessoal, pois na viagem, no Argus, sua esposa Carlota veio a falecer.

Após desembarcarem no Rio de Janeiro (Armação), oficiara três enterros de colonos e, por ironia do destino, o primeiro assentamento que fez nos registros da Comunidade Luterana da Vila de Nova Friburgo foi a 14 de maio de 1824, no mesmo dia da morte e enterro de seu filho, nascido no navio, perto de Tenerife.

o seu inicio em Nova Friburgo, o vigário Joyce, igreja romana (Igreja de São João Batista de Nova Friburgo) faz sua primeira representação contra ele, por exercer o culto protestante.

A 19 de maio, Monsenhor Miranda, Inspetor dos Colonos, encaminhou a representação ao Secretário Carvalho e Melo. Este, em Portaria de 10 de junho, sobre a questão suscitada entre os dois vigários, aceitando parecer de Monsenhor Miranda, determinava-lhe, em nome do Imperador, que notificasse ao vigário Joyce que não lhe fora atendida a representação, recomendando muito que essa ocasião que se conforme à Portaria de 22 de janeiro do corrente ano e ao Art. 5º do Título 1º da Constituição. A portaria 22 foi uma das primeiras ordens dadas aos alemães e, que se avolumaria com muitas outras. Foi em resposta à solicitação do Pastor Sauerbronn, pedindo autorização para exercer o seu culto.

m resposta comunicava Carvalho e Melo que o Imperador:

"houve por bem resolver que o dito vigário alemão possa exercer particularmente as funções de seu ministério em alguma casa, que seja para isso cômoda" (Biblioteca Nacional, Seção de manuscritos 11-34, 22 15 nº 15). O art. 5º da constituição rezava:

"a religião católica apostólica romana continuará a ser a religião do Império. Todas as outras religiões serão permitidas com o seu culto doméstico ou particular em casa para isso destinadas, sem a forma alguma exterior de templo". E o Art. 179 § 5.º:

"Ninguém pode ser perseguido por motivo de religião, uma vez que respeite a do estado e não ofenda a moral pública" (Constituição do Imperio do Brasil). E, em continuação, terminou com a seguinte recomendação: "E há outrossim por bem (O Imperador) recomendar ao mesmo inspetor que admoeste a ambos que se abstenham de proselitismos religiosos que podem causar àqueles povos dissenções prejudiciais à prosperidade civil dos colonos".

ão se sabe a razão dessa primeira rixa do vigário romano contra Sauerbronn. Parece que foi por causa da portaria de 22/01/1824.

Casamento e Objetivos:

primeiro casamento evangélico realizado em Nova Friburgo pelo Pastor Alemão ocorreu a 30 de maio de 1824, entre Charles Sinner, protestante e Clara Heger, católica. Ambos suíços, ela já anteriormente casada com David Luiz Heche, vivendo ainda. Nova representação contra o Pastor é encaminhada a 6 de junho por Monsenhor Miranda em que o Padre Joyce acusa frontalmente Sauerbronn contra o casamento dos suíços e ainda mais, no caso de um enterro, no qual Sauerbronn tivera papel saliente na qualidade de Pastor. A 12 de julho, em portaria, recomendava o ministro Carvalho e Melo, no tocante ao casamento procedesse o mesmo Monsenhor aos mais escrupulosos exames, para o esclarecimento da verdade, ficando na inteligência de que semelhante casamento não deve Ter lugar, logo que conste autenticamente ser já casada aquela mulher, e existir ainda seu legítimo marido. Quanto ao enterro que se dissera realizado com ostentação, determinara Carvalho e Melo que exercessem os protestantes as suas cerimônias religiosas muito em particular, se quiserem ter direito à proteção que a nossa Constituição tão liberalmente autoriza.

o seu ofício de 6 de junho, manifestara Monsenhor Miranda receio de que revivessem os dois vigários aquelas rixas que já haviam desunido os suíços (talvez um dos motivos de terem muitos deles deixado a colônia). Assim, sobre as discórdias religiosas, escreveu Carvalho e Melo: "Finalmente sobre o receio que o sobredito Monsenhor de que não surjam agora, na colônia alemã, as mesmas desavenças que diz, tanto concorrerem para a decadência da colônia dos suíços, devia o inspetor indagar todas as notícias a este respeito, para se darem as providências necessárias" (Diário Fluminense, n.º 19, de 23/07/1824 e Biblioteca Nacional, Seção de Manuscritos, Portarias de 12/07/1824).

PASTOR FRIEDRICH SAUERBRONN

Pastor Friedrich Sauerbronn
Pensamento ...
"Se nós não sabemos para onde vamos, devemos pelo menos tentar entender de onde viemos para adivinhar em que situação estamos." (Jules Romains)
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