INICIO DA IMIGRAÇÃO ALEMÃ NO BRASIL ...

tema imigração nunca é discutido tendo um só lado, um só motivo, uma só família, é um tema plural, sempre existindo vários lados e facetas, vários (muitos) personagens, que sempre (preferível) é suportado por normas jurídicas, sociais e humanas, normas de trabalho e normas internacionais.

Portanto o tema sempre deverá ser abordado entre a IMIGRAÇÃO e a COLONIZAÇÃO . Esta discussão em 2009 é menor, por ser, hoje, altamente regulamentada, as relações das forças de quem estão "recebendo" esta imigração, é enormemente impactada, a acomodação destas forças é difícil por suas transformações, que obrigatoriamente acontecem sempre para os dois lados. O Brasil, historicamente, esteve associado ao assunto imigração. País continental, as terras precisam ser ocupadas, a discussão de quem as ocupará, o tipo de mão-de-obra e característica que nós interessa na ocupação, tipo das terras é confrontada com as técnicas necessárias para elas, o conhecimento e cultura comprovado de quem as ocupará (recomendações), etnia, traços culturas e até físicos são verificados para desencadear e operacionalizar o processo de imigração.

as em 1800, no Brasil, os tempos eram outros, tínhamos uma monarquia com o poder da "caneta" e do dinheiro, queriam ocupar/dominar/explorar ao máximo suas terras e tínhamos os "espertos" que queriam ganhar dinheiro dos dois lados, do imigrante e do colonizado, contratos mal feitos (muitos deles não cumpridos. Para a Europa a América era um Novo Mundo e terra de oportunidades, seus "olhos" eram de exploração e não de regulação da produção interna e de investimentos interno. Imaginem este cenário com o fator de que ainda tínhamos na época que era a escravidão.

O cenário no Brasil era que estamos passando por três séculos de dominação colonial por Portugal, objetivos claros de exploração, controlados fortemente como uma colônia, sendo sua imigração na maioria por brancos portugueses, poucos holandeses e ingleses.

ivíamos numa monarquia, portanto as terras eram patrimônio do Rei, as concessões ele os fazia para continuar a ter o alinhamento necessário do donatário para ter parte na exploração da terra. A terra mesmo sendo um fato de prestigio, quanto mais terra, mais prestigio, elas precisam produzir para o mercado interno mas, principalmente, para exportar, ser exploradas, gerar lucros para o donatário e para quem as tinham concedidas através de tributações.

Tudo isto (O poder real/ mão de obra/ escravos/ donatários/ fazendeiros/ importadores/ acrescendo o trabalhador livre em terras de escravocratas), requeria uma regulamentação, mínima, para satisfazer esta classe de mercantilistas. Mas tudo isto num cenário onde tínhamos muita terra (que precisam ser ocupadas) e uma mão de obra não compatível para explorá-las, na quantidade e na qualidade.

a Europa o mundo colonial estava sendo questionado, as relações proprietários e produtores estavam em crise, muitas Revoluções eram detonadas, discutia-se o crescimento da população versus a produção de alimentos, eram discussões acaloradas e ameaçadoras. O mais forte querendo prevalecer sobre o mais fraco, porque ele julgava que precisava de mais espaço para sua gente, precisava de terras para produzir seus alimentos, conclusão o movimento expansionista estava declarado.

Este cenário fortaleceu e potencializou a MIGRAÇÃO.

ortugal, especificamente, passava por crises resultada por dependência de importação, fraco desenvolvimento técnico, atraso industrial. Perdendo suas colônias no mundo concentrou-se no Brasil em última instância. Esta foi a oportunidade histórica no Brasil de medidas para promover a implementação de independência de interesses europeus, e o processo do Brasil também tirar partido do que aqui produzia. O Estado precisava ser reformado.

m dos impactos desta mentalidade é que aparecia uma visão valorizadora da produção e do desenvolvimento técnico e científico. Novas medidas deveriam ser incrementadas com o povoamento correto, cultivas as terras com técnicas adequadas, redistribuir a propriedade da terra, preocupação com o estímulo do enriquecimento via produção. A idéia de transferir da Europa para o Brasil agricultores, artífices, profissionais em serviço e oferecer-lhes trabalhos no que seria de suas propriedades, em contrapartida de novas implementações, aumentarmos e qualificarmos tudo aqui se produzia.

stamos já falando fortemente aqui de favorecermos a IMIGRAÇÃO, do interesse do Brasil em receber os IMIGRANTES.
O Brasil, m 1815, muda o seu status de Reino Unido a Portugal e Algarves, mas tínhamos insuficiência, desde seu próprio potencial produtivo ao seu cultural. Em Portugal também acontecia mudanças o príncipe herdeiro de Portugal, Dom Pedro de Alcântara casava com a Arquiduquesa da Áustria, Carolina Josefa Leopoldina. Vários cientistas europeus saiu pelo país para conhecê-lo e ver suas potencialidades.

nova sinalização era de europeização do Brasil, novo traço étnico e cultural era visto, à partir do Rio de Janeiro.
Dom João VI empenha-se a promover mudanças, aprofundar pesquisa e diversificação rural e industrial. Plantação de novas culturas (pimenta, fumo, cana de açúcar, migra-se da Amazônia para a Bahia o cacau, arroz tropicalizado no Brasil. A imigração, neste novo contexto, era visto como uma perspectiva de longa duração passando a reforçar a imigração européia, mesmo tratando-se de europeus pobres, mas eles vinham também do campo o que atingia os objetivos do país.

s imigrantes, por sua vez, tiveram que adaptar-se ao novo país, pelo clima, características das estações, variedades de animais, trabalho de tropicalizar novos culturas, variedades de animais e o tipo de vegetação e matas.
O Estado teve que se aparelhar para participar do processo de colonização estrangeira, financiava o transporte, a compra de terras, a instalação, subsídios, distribuição de animais e sementes. Criou unidades para administrar estas colônias, uma delas foi a de Nova Friburgo (porta de entrada do Sr. Johann Georg Schwinn e família.

IMIGRAÇÃO passou a ter um novo enfoque, o Estado controlava a colônia, porém o imigrante vinha para o NOVO MUNDO disposto a trabalhar para uma vida nova, tinha esperança de vida melhor, prova é de que trazia toda a família, portanto pensava em "fincar" raízes no Brasil. Para isto o Estado tinha que criar dispositivos e regulamentações mínimas de legalidades, por exemplo oficializar um contrato entre as partes, documentos de liberação de autoridades do país de origem, documentos de garantia de transporte, documentação de IMIGRANTES ( VEJA no final a documentação que a Família SCHWINN/SCHUINDT produziu).

O S A L E M Ã E S
ambém estava no imaginário do alemão que o Brasil, representava TERRA DE OPORTUNIDADES, também a TERRA PROMETIDA, onde teriam trabalho e fartura, concretizados estes desejos em canções e poemas.
Tiveram problemas de toda ordem, aguardar a melhor data para embarque, problemas da viagem pelo navio Argus (veja página Dificuldades na Viagem ), regulamentação de ocupação (grandes para pequenas propriedades), falta de infra-estrutura nas colônias, conflito com indígenas, problemas com transportes e comunicação, adaptar antigas tradições e práticas econômicas. O Estado interferia no recrutamento gerando pressão social, tiveram pressão para migrarem para outras regiões(principalmente o pobre).

colonização de Nova Friburgo foi iniciada pelos imigrantes SUIÇOS , em 1824 a situação da colônia era difícil, as perspectivas não eram boas, a evasão de colonos era acentuada, portanto a colônia estava ameaçada. O Estado interferiu neste processo e com interesse procurou mudar o cenário.
No interesse de interferir na produção de alimentos e outros produtos na região, com novo incremento da Imigração, o Estado também objetivou a formação de batalhões estrangeiros. Neste aspecto Dom Pedro nomeou um agente internacional Anton vom Schaeffer para pesquisar na Alemanha e Áustria homens que tivessem interesse em pertencer a forças militares, em conjunto garantir o fluxo migratório para as várias colônias no Brasil, principalmente para Nova Friburgo, assim os ALEMÃES começaram a chegar. Alguns enganados, pois tiveram de se alistar nas tropas militares.

nton von Schaeffer como agente alemão atuava intermediação destas forças, era credenciado e pago pelo governo imperial Brasileiro. Formado em medicina, com experiência internacional, dominava o francês, alemão e latim, tinha também particular interesse, entre outros, à causa da independência por ser maçom, proprietário de terras em Viçosa, sul da Bahia, também pensava em contratar colonos alemães para colonizar estas terras.
Porquê os alemães?

stavam numa área que fornecia mão de obra com constância, para vários países. A Alemanha (veja página de História da Alemanha) vivia momentos de absolutismo, laços de parentesco com a corte portuguesa e austríaco por casamento.
Em 1818, no sul da Bahia, o arquiteto Pedro Weil e o sócio Adolfo Saueracker, tinha terras junto ao rio Almada, próximo a Ilheus, onde imigrantes alemães se estabeleceram nos anos de 1821 e 1822. Anton Schaeffer recebeu vasta área de terra também no sul da Bahia, portanto alemães já proprietários e alemães imigrantes também reforçaram na idéia de trazerem mais alemães.
Os alemães que imigrariam viriam para as terras da Bahia, inclusive, os contratos estabelecidos na Alemanha indicavam a Bahia, porém o destino foi mudado para Nova Friburgo.

ieram em dois navio, pelo ARGUS e o CAROLINE . Foram alojados por 3 meses na Praia Grande (Niterói), e lá notificados de mudança do destino, alguns não gostaram e foram "forçados" a cumprir a nova determinação.
O número de colonos não é preciso, mas existe um registro de 342 na Relação de Colonos que receberiam subsídios que foi apresentada pelo pastor Friedrich Sauerbronn . No arquivo da Prefeitura de Nova Friburgo – Pró Memória, existe uma relação completa de todos os imigrantes de 1824.

esta leva de imigrantes, no Navio Argus estava a FAMÍLIA SCHWINN que posteriormente teve o nome aportuguesa por SCHUINDT.
Os colonos instalados em casas coloniais aguardaram dez meses até que os seus terrenos fossem demarcados e distribuídos. Neste ínterim gastavam os subsídios que recebiam, semelhantes aos dos suíços (160 réis diários no primeiro ano e 80 no segundo).

ma particularidade dos alemães é de que a maioria era protestante (veja no final O Registro na Igreja Presbiteriana de Nova Friburgo , da Família SCHUINDT/SCHWINN ), sendo permitido a eles praticaram suas religião, o que não tinha acontecido com os suíços, sendo motivo de critica e resistência por vigários locais. Diferenças foram diluídas ao longo do tempo e todos se integravam social e culturalmente no país.
Imigrantes suíços e alemães exerceram muito bem o papel de colonizador, que era o de povoar e produzir na terra, exerceram papel importante na identidade da região e abrir a possibilidade de múltiplos investimentos no país, inclusive novos estrangeiros na região e no incremento industrial de Nova Friburgo participaram vários capitalistas alemães.

or vários motivos os alemães e suíços começaram a dispersar pela região, em direção ao Macaé, em direção a Lumiar. No vale do Macaé concentrou-se muitos colonos, que acabaram formando uma pequena vila e que posteriormente este povoado veio a se chamar São Pedro, homenagem ao Imperador por ter autorizado o deslocamento de colonos para aquela região.
Em várias pesquisas sobre as famílias que teriam embarcado achamos interessante apresentar a da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, referenciando São Pedro da Serra, que registra:
"Em 1824, Nova Friburgo recebeu colonos vindos de Hessen, liderados pelo pastor Friedrich Oswald Sauerbronn. Alguns deles preferiram as terras do leste de Nova Friburgo, como os Heringer, Heck, Bellinger, Eller, Klein, Boye (Boy), Schmidt, Daudt, Frez, Regly, Schualwb, Schautz, Schumacher e outros e os helvécios Philot, Singy (Sangy), Ouverney, Beaud (Bon), Magnin (Manhães), Page (Paz), Bongard, Clerc, Tardin, Vonlanthen (Valentim), Voirol (Varol), Bron (Bom), Schmied, Knupp, Marfurt (Mafort), Wehrli (Verly), Andrié (André), Addy (Azy), Class, Debossan (De Bossens), Decroix (Delacroix), Dicraux, Dutoit (Dutra), Eckert (Heckert), Fredmann (Freimann), Frossard, Gersey, Heggendorn, Hotz, Jander (Gendre), Janot, Keher (Kher), Lack, Lamblet, Müller, Paixão (Pachoud), Peclat, Piller, Schuindt, Sinder (Zinder), Ther, Thedin, Thurler, Wenderrosck e outros. E há os que vieram de outra região da Alemanha, como os Blaudt, que são originários da Baviera.

om o passar do tempo, muitas famílias foram para São Pedro da Serra, como Abreu, Agápito, Aguiar, Alberto, Amaral, Araújo, Barbosa, Barcelos, Barroso, Benevenuti, Cabral, Carrielo, Castro, Constantino, Corrêa, Costa, Cruz, Diniz, Duarte, Estevam, Estêvão, Fernandes, Freitas, Figueira, Gaspary, Gomes, Jacinto, Leal, Lima, Longo, Loureiro, Macedo, Magaldi, Martins, Melagari, Mello, Mendonça, Motta, Munhoz, Nascimento, Neves, Nogueira, Oliveira, Pacheco, Paredes, Paula, Pedro, Pereira, Peixoto, Pimentel, Quinta, Quintanilha, Ramos, Raphael, Reis, Ribeiro, Rocha, Rosa, Severo, Sá, Sanches, Santos Silva, Teixeira, Valença e outras.
A igreja de São Pedro, como instituição, foi criada logo depois que os suíços fundaram a vila. Mas, somente em 1864, foi edificada por Francisco Philippe Boechad e pelo povo, sendo inaugurada em 1865. Numa transação imobiliária entre João Bernardo Ouverney e Luiz Vonlanthem (Valentim) Frez, houve a doação do imóvel à capela de São Pedro em 31 de agosto de 1907, segundo Monsenhor José Silvestre de Miranda, em seu livro Histórias das Igrejas do Município de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, editado em 4 de fevereiro de 1918. Os evangélicos fundaram a Igreja Assembléia de Deus, construindo um templo na Praça João Heringer."

eiterando, os alemães que imigraram para o Brasil eram normalmente camponeses insatisfeitos com a perda de suas terras, ex-artesãos, trabalhadores livres e empreendedores desejando exercer livremente suas atividades, perseguidos políticos, pessoas que perderam tudo e estavam em dificuldades, pessoas que eram "contratadas" através de incentivos para administrarem as colônias ou pessoas que eram contratadas pelo governo brasileiro para trabalhos de níveis intelectuais ou participações em combates.

A imigração em números


s alemães não chegaram ao Brasil em grandes contingentes, como ocorreu com os portugueses e italianos. Porém, a imigração ocorreu durante longo tempo, desde 1824, com a chegada dos primeiros colonos, até aproximadamente a década de 1960, quando chegaram as últimas levas significativas. Alcançou seu número máximo na década de 1920, após a I Guerra Mundial. Houve, de certa forma, dois ciclos de imigração alemã no Brasil: o primeiro decorrente da política de colonização, sobretudo nos estados do sul do Brasil, incentivado pelo governo brasileiro, e um outro ciclo posterior, sem incentivo oficial do governo brasileiro.

Durante muitas décadas, os alemães chegaram a ser o maior grupo de imigrante a entrar no Brasil, superando inclusive os portugueses. Esse período aconteceu em grande parte do século XIX.

N O T A D O S I T E: sta narrativa só foi possível após à consulta à várias fontes, listadas na páginas de < Colaboradores >. Sugerimos a quem se interesse sobre o assunto, que também consulte estas fontes, pois elas abrangem outros aspectos, também importantes, que envolveram e envolvem este assunto apaixonante da IMIGRAÇÃO. Tudo que envolve a fundação, fortalecimento da Cidade de Nova Friburgo, Estado do Rio de Janeiro, estará associado a imigração por parte dos alemães e suíços. Também não pretendemos que esta narrativa seja final, colaborem conosco, nos contatem, enviem informações e imagens para nossos registros, ISTO SERÁ IMPORTANTISSIMO PARA TODOS NÓS. Eli Evan Schuindt, faleconosco@schuindt.com.br

Descendente de Imigrantes Alemães, onde está você?
28 de novembro de 2006

É interessante observar como fomos e somos influenciados por informações baseados em dados sobre a Imigração Suíça. Por ser responsável pela fundação de Nova Friburgo, foi a única divulgada e valorizada politicamente na cidade, e a imigração alemã de 1824 passou despercebida da maior parte da população e também das informações da história do nosso município, durante muitos anos, nas escolas. Aliás, não apenas a imigração alemã. Nenhuma outra recebeu atenção da Secretaria Municipal de Educação até o dia em que a Praça das Colônias foi criada. Isso seria um dado sem qualquer relevância se ela não fosse a base da população do nosso município, junto com os suíços, durante pelo menos os 100 primeiros anos e, se ela não tivesse servido de incentivo para a vinda de outras levas de imigrantes que mudaram a economia de NF. Nossa cidade tem uma história peculiar desde sua fundação. Criada por decreto de D.João, em 1818, já quebrou a tradicional formação dos povoados que se faziam gradualmente ao longo dos leitos de tropas de burros ou de estradas. Apesar do seu interior servir de passagem para contrabando de ouro, seu núcleo principal foi planejado e executado para receber os moradores, oficializando o primeiro modelo programado de imigração. Cidade também programada, em tempos modernos foi Brasília, e é interessante ter nossa pequena Friburgo começando no séc IX, com todos os atropelos da época, mas assim, planejada.

amos discutir em outras oportunidades os detalhes desta imigração e também relacionar outras famílias alemãs chegadas em anos posteriores.Hoje, especialmente, quero deixar aqui um recado para os descendentes da 1º leva de imigrantes, chegadas as terras de Nova Friburgo em 03 de maio de 1824. Muitos destes descendentes pensam ser filhos de suíços-alemães, mas em verdade, são filhos de suíços e de alemães. São países que fazem fronteira, que estão no coração da Europa, que tiveram vários ducados sobre suas bandeiras que ora estavam em terras hoje chamadas de Suíça, e ora estavam em terras hoje chamadas de Alemanha. O idioma alemão é comum nos dois países. Na Suíça mais de 70% da população fala o alemão, e o originário desta parte da Suíça é chamado de suíço-alemão, assim como, os que falam francês são chamados de suíço-francêses ou suíço-romandes, os que falam italiano... e assim por diante.

maior parte dos que vieram fundar Nova Friburgo eram de língua francesa. Mas, Suíça e Alemanha são países diferentes, culturalmente, economicamente, enfim, parece tudo igual, mas não é. As duas imigrações aconteceram com pouco mais de 4 anos de intervalo, o número de suíços, ainda nas terras da Vila, e o número de alemães que chegaram, tinham por diferença apenas cerca de 170 pessoas.Muitos eram solteiros facilitando os casamentos. Se falavam alemão, eram suíço-alemãs, se falavam francês, eram suíços-françeses, e aí começou a confusão. É interessante conferir a listagem das primeiras famílias e verificar se o seu nome está entre elas: Baum, Becker, Berbert, Boehlinger, Bohm, Bourguignon, Branck, Broeder, Brod, Brust, Caspar, Class, Daudt, Denkwitz, Dietrich, Donner, Dorer, Döring, Drayer, Drott, Duerr, Eller, Emmerich, Erthal, Fals, Frees, Gradwohl, Grieb, Gross, Gundermann, Heiderich, Hemmerich, Heringer, Hoefel, Hoffmann, Hermann, Jungblut, Junger, Kaiser, Klein, Loubach, Meyer, Muller, Nagel, Nanz, Pokorny, Projalm, Reigel, Reipert, Roberty, Sattler, Sauerbronn, Schenkel, >Schmidt, Schneider, Schnepf, Schwenk, Schott, Schwab, Schwinn, Spacone, Spamer, Storck, Ulbrich, Winter, Wolf. *familias que fazem parte da genealogia Schuindt/Schwinn.

ambém é interessante observar que muitos sobrenomes se perderam porque foram traduzidos para o português, outros porque os cartórios na época escreviam com muitos erros, na maioria das vezes de acordo com a pronúncia de quem fazia os registros, outros porque se fundiram com sobrenomes suíços, por exemplo: Bon e Bhon , outros porque não tiveram filhos, e outros ainda porque as filhas mulheres não passavam seus sobrenomes para os filhos. Muitos outros sobrenomes de famílias que vieram, não foram oficialmente identificados porque só eram registrados os sobrenomes dos maridos. Sobre as corruptelas dos nomes e outros atropelos vamos conversar num próximo encontro, mas por hoje já temos um pouco sobre o que analisar.

Origem da informação: Dalva Brust, teutofriburgo@yahoo.com.br

01 – REQUERIMENTO, À PREFEITURA DE OBERSTEIN, DE DESOBRIGAÇÃO DE SÚDITO
"NIEDERHOSENBACH, 02 de março de 1.823
J.Georg Schwinn, de Niederhosenbach, requer que seja liberado das obrigações de súdito.
A muito louvável Prefeitura de Idar-Oberstein.
O muito obedientemente abaixo assinado George Schwinn, funileiro em Niederhosenbach, considera-se incapaz futuramente de alimentar no seu domicílio, onde ele não possui casa ou outros bens, nem aos arredores, será obrigado a procurar seu futuro em outro lugar. Ele é, por isso, determinado imigrar para o Brasil junto com a família constante de esposa e 3 filhos de 9, 4 e 2 anos de idade. De acordo com um contrato fechado com o Pastor Sauerbronn de Becherbach, procurador dos proprietários da fazenda Almada, perto de Ilhéus, no Brasil, ele será admitido naquela plantação, caso ele consiga pagar o custo da passagem no valor de aproximado de 300 Gulden.
Estando capaz de custear bem estas despesas, ele se dirige a muito louvável repartição com este obediente requerimento obsequioso que seja liberado das obrigações de súdito.
Com a maior consideração desta muito louvável repartição.
Muito obrigado.

J. Georg Schwinn"
02 – CONTRATO COM PROPRIETÁRIOS DAS TERRAS NO BRASIL

Por deliberação voluntária foi feito um acordo entre Friedrich Sauerbronn, pregador evangélico, residente em Becherach, região de Hessen – Hamburg, por procuração de 21/11/1822, outorgaa pelo médico Dr. Philipp Jacob Cretzschmar da cidade de Frankfurt, em Main, procurador dos srs. Peter Weyl e Adolph Saueracker, proprietários da plantação, em Almada, perto de Ilhéus no Brasil, de um lado e de outro por Georg Schwinn de Niederhosenbach, região de Oldenburg, nos seguintes termos:
•  Concede o dito pregador, Friedrich Sauerbronn, conforme sua acima citada procuração e instruções dadas pelos srs. Peter Weyl e Adolph Saueracker, de Almada, ao Sr. Dr. Cretzschmar, em 01/04/1821, ao plantador Georg Schwinn, de Niederhosenbach, executando as condições determinadas pelas instruções firmadas em lote de terras de 200 Rheinischen Morgen, inclusive a moradia existente na hora de sua chegada, como herança e propriedade.
•  O dito Georg Schwinn, de Niederhosenbach, obriga-se a se transferir por sua conta a sua pessoa, sua esposa e filhos para Almada, pagando por sua conta por meios próprios, nada fazer contra o conteúdo ao presente contrato e cumprir as acima citadas instruções dos srs. Peter Weyl e Adolph Saueracker e obeder as condições pontualmente.
Para a execução detalhada foi o presente contrato lavrado em suas vias e solenemente renunciado a todos os direitos, benefícios e objeções que poderiam contrariando o presente contrato assinam as duas parte contratantes de próprio punho e selam, remetendo um exemplar a cada um dos contratantes.
Bercherback, 26 de dezembro de 1.822
p/p Sauerbronn

NOTA DO SITE:
O contrato inicialmente era para as terras em Almada, próximo à Ilhéus, município da Bahia. Mas por motivos não bem esclarecidos foram encaminhados para Nova Friburgo, provavelmente por intervenção do Monsenhor Miranda, que voltava a assumir a função de Inspetor de Colonização Estrangeira.

03 – REQUERIMENTO À PREFEITURA DE IDAR-OBERSTEIN

À Prefeitura de Idar-Oberstein
Ao relatório da Prefeitura de Idar-Obertein do dia 04 deste mês, sobre o requerimento de Georg Schwinn, de Niederhosenbach, para emigrar, será respondido determinado.
A Prefeitura deve familiarizar o requerimento com as dificuldades e perigos do projeto de imigração para o Brasil. Em caso infrutífero será a liberação concedida.

25 de fevereiro de 1.823

04 - FICHA DE IMIGRANTE
Passageiro do navio "ARGUS"
Embarque em Den Helder em 24/06/1823
Profissão: Ourives Idade: 37 anos
Procedência: Niederhosenbach (Idar-Oberstein)
Número na lista de passageiros: Argus nº 29
Família: Esposa: 30 – Anna Catharina – 39 anos
Filhos: 31 – Catharina – 09 anos
32 – Anna Elisabetha – 05 anos
33 – Peter – 03 anos
Pagou a passagem nº 29 – Casa nº 89
Data Colonial nº 56
Número 210 – Registro Colônia 1.824/Oleiro – 37 anos
Porto – Rio de Janeiro
05 – REGISTRO DA IGREJA PRESBITERIANA DE NOVA FRIBURGO DE MARÇO DE 1.828
Registro nº 20 – Profissão Ourives – idade: 42 anos
Esposa: Anna Catharina – 44 anos
Filhos: Catharina – 14 anos
Anna Elisabetha – 10 anos
Peter – 08 anos
Charlotte – 05 anos

Daniel – 02 anos
Obs. Chegaram em Nova Friburgo em 03 de maio de 1.824
Recebeu o lote nº 56. Terra relativamente boa.
Necessita apenas de alguma assistência.
Anexo o contrato, o requerimento e a concessão para a imigração.

06– CONTRATO A QUE SE SUBMETEM OS ALEMÃES - 12 de maio de 1823
Eis na íntegra a transcrição do contrato feito em Franckfort:

OBRIGAÇÕES - A que submetem os colonos Alemães
- Colônia Alemã contratada em Franckfort maio de 1823

Tendo-se dignado sua majestade, Imperador do Brasil, de nomear pelo Ministro e Secretário de Estado José Bonifácio de Andrada e Silva, o professor Gretzchmar, doutor em medicina e morador em Franckfort sobre o Meno, na forma dos poderes e instruções dadas ao seu plenipotenciário principal na Alemanha, o senhor cavalheiro e major George Antônio Schaeffer, seu plenipotenciário na cidade livre e germânica de Franckfort sobre o Meno a fim de dirigir os negócios do Império do Brasil, e especialmente para promover a emigração de súditos alemães para o mesmo Império, assegurando-lhes as vantagens concedidas pelo governo brasileiro não só quanto a passagem dos emigrados, como sua recepção no grêmio da sociedade brasileira: o professor Gretzchmar, doutor em medicina, em virtude dos referidos poderes tem estipulado da maneira mais solene com os condutores e anciãos, os quais por outro documento foram para esses cargos nomeados, os seguintes pontos de convenção:

Art. 1º - Todos os colonos e pais de família, adiante mencionados em um mapa especial, que já tiverem recebido de meus respectivos governos em virtude de contratos anteriores a permissão de emigrarem, receberão incontinente à chegada ao Brasil:
a) O direito de cidadão com todas as vantagens e condições a ele inerentes, e todos os direitos gerais e especiais de que gozam os proprietários e possuidores livres, e que são garantidos pela suprema autoridade, conforme as leis do país.
b) Como benévola assistência aos colonos recém-chegados, serão declarados livres por espaço de oito anos de todos os Impostos públicos, e quaisquer outras contribuições.
c) Sendo os estabelecimentos coloniais penosos, e a muitos respeitos impraticáveis, quando fundados nas matas virgens, sua Majestade Imperial querendo quanto ser possa remover esses inconvenientes acerca da presente colônia, tem resolvido por intermédio de seu plenipotenciário principal o senhor major Schaeffer, que os colonos neste mencionado sejam incorporados às colônias, já fundadas desde 1816, de Leopoldina e Franckenthal sobre os rios Caravelas e Viçosa.
d) Tendo os possuidores e proprietários das colônias acima mencionadas, os senhores George Antônio Schaeffer e Guilherme Freireyss, conforme o convite do governo, tomando a obrigação de receber todos os colonos nas terras a eles pertencentes, estes ditos senhores conforme as disposições das leis brasileiras acerca das novas colônias alemãs, tem concedido a estes colonos os seguintes favores e vantagens, que devem ser considerados como as bases ulteriores para esta colônia no futuro.

Art. 2º - Cada pai de família e cada homem independentemente, isto é, emancipado receberá logo que chegar, duzentas jugadas rhenanas de terra, ou quatrocentas braças quadradas, como propriedade, que será hereditária para seus descendentes e parentes em linha descendente.

Esta propriedade de duzentas jugadas de terra não ficará gravada pelos senhores atuais possuidores de servidão alguma. Não poderá porém o colono vendê-la a um estranho, considerando-se como tal qualquer que se não achar inscrito de modo legal na lista dos colonos.

Artigo Adicional:
Aqueles pais de família que tiverem filhos gerados em dois casamentos, receberão dois lotes, cuja metade o pai ou a mãe logo que seus enteados sejam maiores, distribuirá entre eles; sendo o pai até essa época o seu tutor natural e administrador dos bens, sem que ao momento de receber as ditas terras possam os enteados fazer reclamação alguma por seus frutos e rendimentos. Art. 3º - Os senhores possuidores e proprietários das colônias Leopoldina e Franckenthal obrigam-se a todos os colonos as casas e outros edifícios necessários, em cuja construção serão especialmente empregados os carpinteiros, pedreiros e outros artistas dentre os colonos mediante um jornal razoável, sendo os pais de família também obrigados a auxiliar essa construção, devendo os objetos assim feitos serem considerados como propriedade dos colonos.

Art. 4º - Os senhores possuidores acima mencionados, obrigam-se a fornecer grátis a todos os colonos as sementeiras e mudas dos produtos do país, e particularmente de arroz, milho, anil, fumo, cana de açúcar, algodão, inhame, bananas, e plantas oleogenosas. Os colonos gozarão de já e para sempre do direito de pescar e caçar. Os distritos designados para pastos serão de propriedade como: mas os colonos serão obrigados a concorrer para o levantamento e conservação das cercas segundo o número de pessoas de cada família. Cada colono terá direito de cortar no distrito da colônia a lenha que precisar para seu uso cotidiano, bem assim a madeira que lhe mister para uso de qualquer indústria, como serraria, fabricação de carvão, de vidros, etc.

Sua majestade concedendo a todos os seus súditos a faculdade de explorarem minas de ouro, ferro, etc., o plenipotenciário especialmente declara que de igual vantagem e faculdade gozarão os colonos alemães, contanto que para isso obtenham a competente autorização do governo, e paguem os direitos respectivos.

Art. 5º - Como não se pode esperar que os colonos da Leopoldina e Franckenthal possam logo nos primeiros tempos de sua residência prover-se dos meios necessários de sua subsistência, os senhores possuidores estão resolvidos proporcionar-lhes por enquanto, esperando que os mesmos colonos empregarão o maior cuidado e diligência logo que chegarem à dita colônia em fazerem plantações de feijão, ervilhas e outras plantas farináceas, comprometendo-se o abaixo assinado solicitar do governo imperial a título de empréstimo para os necessitados e todos os mais que desejarem o gado necessário para a lavoura e alimentação. Passados quatro anos será esse gado assim emprestado restituído pelos colonos ao governo em espécie.

Art. 6º - Conquanto sejam todos esses favores e vantagens acima mencionados concedidos tanto da parte do governo, como dos proprietários das colônias Leopoldina e Franckenthal, a todos aqueles que imigraram para estas colônias, todavia não sendo possível que logo nos primeiros dez anos de residência, se achem os colonos nas circunstâncias de construírem e edificarem eles mesmos por sua conta, os moinhos, engenhos, refinarias, e outros maquinismos geralmente dispendiosos, que aliás tão indispensáveis para a cultura dos produtos coloniais, como sejam café, açúcar, anil e algodão, sendo que os lucros da cultura destes produtos constituem a maior riqueza do país, os senhores possuidores das ditas colônias obrigam-se pela presente convenção, mandar fabricar e preparar todos artigos brutos daquele gênero produzidos pelos colonos nos engenhos e maquinismos que eles já têm, o que para o futuro estabelecerão, segundo o costume da terra, metade do produto trabalhado, ficando entendido que o colono levará à sua custa ao engenho ou fábrica o gênero bruto, e aí receberá sua metade depois de preparado.

Artigos Adicionais:
a) São totalmente executados das condições acima os objetos destinados ao sustento da família.
b) A proporção da partilha estipulada no artigo antecedente que tem por fim oferecer aos senhores proprietários uma módica indenização de seus grandes desembolsos, ficará totalmente abolida ao cabo de dez anos, nutrindo o governo imperial a esperança de que à expiração desse termo seus fiéis súditos alemães, serão chegado a tal estado de prosperidade que poderão por si mesmo estabelecer os engenhos e maquinismos necessários à manutenção de sua indústria agrícola.
c) Se porém concluído este termo, um ou outro colono desejar continuar no mesmo método de trabalho misto, poderá para esse fim celebrar contratos especiais com os senhores proprietários das colônias, estipulando a proporção da partilha segundo lhe ditar o resultado de suas próprias observações e experiência adquirida.
d) Como segurança ou compensação dos grandes desembolsos e obrigações a que por estes ficam sujeitos, os senhores proprietários das colônias, exigem que nenhum colono possa por espaço de dois anos abandonar a mesma; sendo-lhe porém livre deixarem a colônia passado esse tempo, e irem estabelecer nova residência onde melhor convier, como cidadãos livres que são.

Art. 7º - O abaixo assinado tem a íntima convicção de que todos os senhores colonos deixam a sua pátria para acharem um mundo novo, nova prosperidade e bem-estar, portanto ele não pode deixar de mencionar neste importante contrato aquelas bases, sem as quais, tanto no velho como no novo mundo nenhuma prosperidade pode subsistir, estas são: a ordem legal na vida e uma conduta moral. Sem elas desfazem-se todos os planos, sem elas nada prospera. Portanto para satisfazer não somente ao governo brasileiro, mas também desejos expressos por muitos dos senhores colonos, o abaixo assinado como aprovação do plenipotenciário principal o major Schaeffer, tem firmado contrato especial com o senhor pastor Frederico Sauerbronn de Kernberherbach para servir de cura e pregador evangélico das comunidades de Leopoldina e Franckenthal.

Em virtude deste contrato especial o governo brasileiro obriga-se a conceder aos Pastor Sauerbronn o mesmo ordenado que se paga aos curas do império. Porém como assim, o senhor pastor Sauerbronn é o primeiro a fazer o sacrifício da emigração, e em dar o exemplo de promover e conservar a fé cristã na parte meridional do novo mundo, bem como manter e sustentar a probidade alemã e os excelentes costumes do povo germânico, o abaixo assinado convida pelo presente a todos os senhores colonos, a que se acaso ordenado pago pelo governo não for igual ao vencimento de dois mil florins rhenanes, marcado no contrato de sua nomeação, as famílias colonas lhe concederão uma contribuição "pro rata", e declaram-se prontos a pagarem o dito aumento de ordenado, assinando seus nomes, o que o abaixo assinado não duvida que façãm.

Art. 8º - Finalmente declaram todos os colonos abaixo assinados que eles pagarão de seus próprios meios as despesas de sua passagem, e obrigam-se tanto suas próprias assinaturas aqui apostas, como sob a fé e retidão alemã, que executarão plenamente durante a passagem as ordens e regulamentos concernentes à polícia, moralidade, e sobriedade: e outrossim declaram, que farão honra, na nova pátria do Brasil ao nome alemão, pela sua aplicação, bons costumes, preserverante obediência às autoridades públicas, plena dedicação aos senhores proprietários da Leopoldina e Franchenthal, e pela devoção inviolável inteira lealdade para com sua majestade senhor, D. Pedro I Imperador do Brasil, seu gracioso pai e monarca.

Pela validade e irrefragável execução de todos os artigos contidos neste contrato de nº 1 a 8, as partes contratantes, de um lado o plenipotenciário de S. M. I. e de outro lado todos os colonos têm aqui apostas suas assinaturas e sinetes renunciando todos os protestos de qualquer classe ou natureza que forem.

Tudo lealmente e sem dolo.

Feito em Franckfort sobre o Meno aos doze do mês de maio de 1823.

(Assinados) P. J. Kretzschmar, plenipotenciário e agente de Sua Majestade o senhor D. Pedro I Imperador do Brasil, etc., etc., etc.
L. S. Johan Bernard Joseph Gross, como encarregado de conduzir a colônia – Johann Georg Schwinn (colono).
Pensamento ...
"Se nós não sabemos para onde vamos, devemos pelo menos tentar entender de onde viemos para adivinhar em que situação estamos." (Jules Romains)
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